O conceito de reserva cognitiva surgiu no final dos anos 1980, quando pesquisadores observaram indivíduos sem sintomas aparentes de demência, mas que, após a autópsia, apresentavam alterações cerebrais compatíveis com Alzheimer em estágio avançado. Essas pessoas não demonstravam sintomas em vida porque possuíam uma reserva cognitiva suficiente para compensar os danos e manter o funcionamento habitual [1].
Desde então, estudos demonstraram que indivíduos com maior reserva cognitiva apresentam melhor desempenho em retardar o surgimento de sintomas de alterações neurodegenerativas associadas à demência ou outras doenças cerebrais, como Parkinson, esclerose múltipla ou AVC [2]. Uma reserva cognitiva mais robusta também auxilia no melhor funcionamento diante de eventos inesperados da vida, como estresse, cirurgias ou exposição a toxinas ambientais. Essas situações exigem um esforço cerebral extra, similar à necessidade de um carro trocar de marcha para superar um obstáculo.
Mas como construir e fortalecer essa reserva? Pesquisadores da Harvard Medical School identificaram seis pilares para um programa eficaz de saúde cerebral e condicionamento cognitivo [2]:
- Seguir uma dieta baseada em vegetais;
- Praticar exercícios físicos regularmente;
- Ter um sono regular e de qualidade;
- Controlar o estresse;
- Cultivar relacionamentos sociais;
- Manter o cérebro desafiado com atividades mentalmente estimulantes.
Vale ressaltar que esses fatores se complementam e agem em conjunto. Não basta apenas aumentar o consumo de fibras ou incluir uma caminhada matinal na rotina. Exercício, alimentação, sono, controle do estresse, interação social e estimulação mental trabalham sinergicamente para produzir resultados.
Portanto, a reserva cognitiva funciona como uma espécie de “colchão” protetor para o cérebro. Quanto maior a reserva, melhor ele se adapta diante de lesões ou doenças neurodegenerativas, retardando o surgimento de sintomas e auxiliando na manutenção da qualidade de vida.
Referências Bibliográficas:
- [1] Stern, Y. (2009). Cognitive reserve. Neuropsychologia, 47(4), 2015-2028. [2] Valenzuela, M. J., & Sachdev, P. S. (2006). Imaging in dementia and cognitive reserve. The Lancet Neurology, 5(12), 1062-1071.